domingo, 28 de janeiro de 2018

REDAÇÃO (CUIDADO COM A MENSAGEM) CAP. 1






 

Para que haja comunicação, alguns elementos são essenciais. Muitas vezes não os notamos, mas cada vez que estabelecemos contato com alguém de alguma forma, eles estão presentes.

Veja cada um e sua função, separadamente:

Emissor – é aquele que emite, ou seja, que pronuncia ou envia uma mensagem. Também é chamado de remetente.

Receptor – é aquele que recebe a mensagem enviada pelo emissor. Como a mensagem é destinada a ele, também é chamado de destinatário, denominação comum em envelopes de correios.

Mensagem – é o conteúdo que é expedido, enviado.

Código – o modo como a mensagem é transmitida (escrita, fala, gestos, etc.)

Canal – é a fonte de transmissão da mensagem (revista, livro, jornal, rádio, TV, ar, etc.)

Contexto – situação que envolve emissor e receptor

Agora, você terá como identificar cada um dos elementos nos mais variados atos comunicativos. Irá percebê-los toda vez que ler uma revista ou jornal, na conversa com um amigo, quando assistir um canal de TV ou quando ouvir uma música no rádio.

É importante saber os elementos envolvidos na comunicação, pois dessa forma você consegue saber, por exemplo, que tipo de linguagem o emissor está usando, conforme o canal utilizado ou que tipo de texto um emissor escolheu para falar de determinado contexto e o porquê desta escolha. Quem reflete sobre isso, tem mais capacidade de desenvolver seu lado crítico. Pois se o indivíduo sabe a origem da comunicação (emissor), o público-alvo (receptor), o conteúdo e a linguagem utilizada (mensagem e código), conseguirá relacionar essas informações com o objetivo do ato comunicativo dentro do contexto, da situação vivenciada no momento!

Então, quanto mais se comunicar, mais reflexivo e crítico (construtivista) se tornará! E é fácil: é necessário apenas que você usufrua dos subsídios comunicativos apontados acima!

Importante: ser crítico é diferente de ser opiniático. O primeiro tem uma posição formada a partir de leituras diferentes e da reflexão sobre elas. O segundo apenas emite sua opinião sem muito pudores.



REDAÇÃO, QUE BICHO É ESSE?




Denomina-se redação ao processo em que se estrutura um discurso escrito. A redação é uma arte, mas também uma técnica, à medida que é utilizada para garantir que o texto tenha certo nível de coerência.

Ela se desenvolve com o tempo e a prática, circunstância exigida continuamente na educação formal das crianças. Outros lugares que praticam a elaboração de textos também recebem o nome de redação, como é o caso dos jornais e revistas, que atribuem um lugar específico para profissionais capacitados para esse fim.

Podemos falar de redação a partir do momento que se desenvolveu a escrita
De fato, as sociedades primitivas careciam da palavra escrita como meio de comunicação. Além disso, muitos povos comunicavam suas ideias através de signos gráficos que não podem ser considerados como redação. Na verdade, a redação em geral está vinculada com a capacidade de comunicar-se através da escrita por reflexo da fala. Em algumas sociedades primitivas esta condição estava ausente pelo fato de que sua escrita era de índole hieroglífica.



No entanto, deixando em dúvida se estas comunidades faziam uso de um processo de redação, o certo é que este tipo de procedimento não poderia existir sem o desenvolvimento da escrita e de um conjunto de técnicas associadas. Inclusive quando foram desenvolvidas, é difícil mencionar se este processo de elaborar textos era comum e corrente pela maioria da população.



De certa forma, as comunidades primitivas eram basicamente orais, circunstância que se estendeu praticamente até a Idade Média
Na hora de redatar um texto, é necessário saber que tipo de discurso será utilizado e que tenha coerência e sentido. Assim, por exemplo, uma técnica muito empregada é o fato de dar um panorama geral daquilo que se quer dizer ou do que se pretende desenvolver passo a passo, separar as ideias principais em parágrafos e expandir a partir de ideias secundárias. Finalmente, os últimos parágrafos servem para concluir as primeiras ideias.


segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

DIVISÕES DA GRAMÁTICA



Gramática normativa – A gramática normativa é aquela que busca a padronização da língua com a denominada norma culta padrão. Estabelece as regras para falar e escrever corretamente. É a gramática ensina nas instituições escolares e em livros didáticos.

Gramática descritiva – A gramática descritiva preocupa-se com os fatos da língua, objetivando investigá-los como tais, sem estabelecer regras do que é certo e o que é errado. Esta gramática enfatiza as variedades linguísticas.

Gramática histórica – A gramática histórica ocupa-se do estudo da origem e evolução história de uma determinada língua.

Gramática comparativa – A gramática comparativa faz o estudo comparado de uma família de línguas. A Língua Portuguesa, por exemplo, é parte da Gramática Comparativa das línguas românicas.

Os diversos assuntos abordados pela Gramática pertencem a divisões específicas desta área de estudo. Confira essas divisões e as suas principais características:

Fonologia
Proveniente do grego phonos = voz/som; logos = palavra/estudo, a Fonologia é a parte que estuda o sistema sonoro de um idioma. É a área de estudo que se preocupa com a maneira pela qual os sons da fala (os fones) se organizam dentro de uma língua, classificando-os em unidades capazes de distinguir significados: os denominados fonemas. Destacam-se, também, o estudo das vogais, semivogais, consoantes, dígrafos, encontros vocálicos e consonantais, estrutura silábica, acento, entonação, dentre outros.

Morfologia
Trata do estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras através de elementos morfológicos (ou mórficos), que são as unidades que formam uma palavra. Os elementos morfológicos compreendem o radical, o tema, a vogal temática, a vogal ou consoante de ligação, afixo, desinência nominal ou verbal. A morfologia estuda as palavras isoladamente e não dentro de uma frase ou período e está agrupada em dez classes de palavras (ou “classes gramaticais”), a saber: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

Sintaxe
Tem por finalidade estudar as relações que se estabelecem entre os termos das orações e dos períodos. Compreende o estudo do sujeito e predicado (termos essenciais da oração); os complementos verbais, complemento nominal e agente da passiva (termos integrantes da oração) e o adjunto adnominal, adjunto adverbial, aposto e vocativo (termos acessórios da oração).

*Débora Silva é graduada em Letras (Licenciatura em Língua Portuguesa e suas Literaturas)



domingo, 21 de janeiro de 2018

CALÃO, GÍRIA E LÍNGUA PROFISSIONAL



A palavra gíria é um termo da sociolinguística. Trata-se de «linguagem informal caracterizada por um vocabulário rico em idiomatismos metafóricos, jocosos, elípticos, ágeis e mais efêmeros que os da língua tradicional»; «dialeto us[ado] por determinado grupo social que busca se destacar através de características particulares e marcas lingüísticas esp[eciais] em nível lexical [Seu processo de formação inclui truncamento, sufixação parasitária, acréscimo de sons ou sílabas, uso de certos códigos etc.]»; «linguagem de marginais que, não sendo exatamente compreendida por outras classes sociais, costuma funcionar como mecanismo de coesão tribal e como código interativo entre tais grupos [A gíria, a princípio linguagem de marginais, estendeu-se a outros grupos sociais.]»; e «linguagem própria daqueles que desempenham a mesma arte ou profissão; jargão» (cf. Dicionário Eletrônico Houaiss). Por extensão de sentido, é «linguajar rude; calão» (idem).

Calão, no contexto pretendido, é «linguajar rude, grosseiro; geringonça, gíria» e, por extensão de sentido, (regionalismo de Portugal com uso pejorativo) «fala ou vocabulário próprio de um grupo determinado de pessoas» (idem).

Assim, pode dizer-se que, em determinados contextos, gíria e calão são sinónimos.


LÍNGUA, IDIOMA E DIALETO


Língua: A língua é, sobretudo, um instrumento de comunicação, e é essa a sua maior finalidade. Ela pertence aos falantes, que dela apropriam-se para estabelecer interações com a sociedade onde vivem. Quando dizemos que a língua é um instrumento do povo, dizemos que, embora existam as normas gramaticais que regem um idioma, cada falante opta por uma forma de expressão que mais lhe convém, originando aquilo que chamamos de fala. A fala, embora possa ser criativa, deve ser regida por regras maiores e socialmente estabelecidas, caso contrário, cada um de nós criaria sua própria língua, o que impossibilitaria a comunicação. Na fala encontramos as variações linguísticas, que jamais devem ser vistas como transgressões ao idioma, mas sim como uma prova de que a língua é viva e dinâmica.

Idioma: O idioma é uma língua própria de um povo. Está relacionado com a existência de um Estado político, sendo utilizado para identificar uma nação em relação às demais. Por exemplo, no Brasil, o idioma oficial é o Português, comum à maioria dos falantes. Mesmo que existam comunidades que utilizem outros idiomas, apenas a língua portuguesa recebe o status de língua oficial. Existem países, como o Canadá, por exemplo, em que dois idiomas são considerados como oficiais, nesse caso, o francês e o inglês.

Dialeto: O dialeto é a variedade de uma língua própria de uma região ou território e está relacionado com as variações linguísticas encontradas na fala de determinados grupos sociais. As variações linguísticas podem ser compreendidas a partir da análise de três diferentes fenômenos: exposição aos saberes convencionais (diferentes grupos sociais com maior ou menor acesso à educação formal utilizam a língua de maneiras diferentes); situação de uso (os falantes adequam-se linguisticamente às situações comunicacionais de acordo com o nível de formalidade) e contexto sociocultural (gírias e jargões podem dizer muito sobre grupos específicos formados por algum tipo de “simbiose” cultural).

Por Luana Castro
Graduada em Letras




quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

LÍNGUA E ESTILO



Rocha Lima ainda nos diz que “A língua é um sistema: um conjunto organizado e opositivo de relações, adotado por determinada sociedade para permitir o exercício da linguagem entre os homens”.

“A contribuição pessoal do indivíduo, manifestada na seleção, por ele feita, dos recursos que a língua subministra, é o que se chama, em sentido lato _ estilo, que Sêneca já havia definido como ‘o espelho da alma’.”

Sêneca foi um poeta latino que escreveu sátiras. Viveu na época de Nero, sendo seu preceptor, ou seja, professor.


“Os aspectos regionais de uma língua, que apresentam entre si coincidência de traços lingüísticos fundamentais, constituem os dialetos.”

“Calão é a língua especial das classes que vivem à margem da socidade, de caráter acentuadamente esotérico, artificialmente ‘fabricada’_ diz Dauzat _ para se poderem compreender entre si os indivíduos de certo grupo, sem serem entendidos pelos não-iniciados. Inspirada na dissimulação dos malfeitores, cria um conjunto de convenções que a estremam da língua-comum a que pertence, posto que nesta se desenvolva e emaranhe.”

“Gíria é a língua especial de uma profissão ou ofício, de um grupo socialmente organizado, quando implica por sua vez, educação idiomática deficiente. A gíria atinge a fraseologia e, especialmente, o vocabulário, já pela criação de palavras, já por se atribuírem novos valores semânticos às existentes. Freqüentemente, a serviço da expressividade ela se insinua na linguagem familiar de todas as camadas sociais.”

“A gírias dos grupos sociais de cultura elevada dá-se o nome de línguas profissionais ou técnicas. Em diferentes graus, têm sua linguagem mais ou menos especializada os médicos, os engenheiros, os filósofos, os diplomatas, os economistas, etc.”


Cada indivíduo, tem o seu modo de fazer um discurso, da mesma maneira, de acordo com a época ou com o lugar em que vive ou viveu, o indivíduo terá seu estilo de fazer um discurso. Assim, o estilo é o modo peculiar com que uma pessoa exprime seus pensamentos ou emoções. Cada autor tem seu estilo próprio, por exemplo, Machado de Assis tinha seu estilo de escrever, Renoir tinha seu estilo de pintar, Fernanda Montenegro tem seu estilo de representar, etc.



LINGUAGEM



Linguagem é o sistema através do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos, seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. Linguística é o nome da ciência que se dedica ao estudo da linguagem.

Na linguagem do cotidiano, o homem faz uso da linguagem verbal e não-verbal para se comunicar. A linguagem verbal integra a fala e a escrita (diálogo, informações no rádio, televisão ou imprensa, etc.). Todos os outros recursos de comunicação como imagens, desenhos, símbolos, músicas, gestos, tom de voz, etc., fazem parte da linguagem não-verbal.

A linguagem corporal é um tipo de linguagem não-verbal, pois determinados movimentos corporais podem transmitir mensagens e intenções. Dentro dessa categoria existe a linguagem gestual, um sistema de gestos e movimentos cujo significado se fixa por convenção, e é usada na comunicação de pessoas com deficiências na fala e/ou audição.

Linguagem mista é o uso da linguagem verbal e não-verbal ao mesmo tempo. Por exemplo, uma história em quadrinhos integra, simultaneamente, imagens, símbolos e diálogos.

Dependendo do contexto social em que a linguagem é produzida, o falante pode usar a linguagem formal (produzida em situações que exigem o uso da linguagem padrão, por exemplo, salas de aula ou reuniões de trabalho) ou informal (usada quando existe intimidade entre os falantes, recorrendo a expressões coloquiais).

As linguagens artificiais (que são criadas para servirem a um fim específico, por exemplo, a lógica matemática ou a informática) também são designadas por linguagens formais. A linguagem de programação de computadores é uma linguagem formal que consiste na criação de códigos e regras específicas que processam instruções para computadores.



terça-feira, 16 de janeiro de 2018

ESTILÍSTICA E POÉTICA (VERSIFICAÇÃO) CAPÍTULO 34



 




A versificação estabelece normas para a contagem das sílabas de um verso. É uma técnica e, por isso, não está associada à noção de poesia.
A versificação estabelece normas para a contagem das sílabas de um verso. É uma técnica e, por isso, não está associada à noção de poesia.

A versificação ou metrificação é um recurso estilístico utilizado por muitos poetas, cuja existência não está necessariamente relacionada com a noção de poesia. Consiste na técnica de fazer versos, dedicando-se ao estudo dos metros, pés, acento e ritmo, além de estabelecer normas para a contagem das sílabas de um verso.

Grandes poetas, como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, não se dedicaram com muita frequência ao estudo da métrica, no entanto, não deixaram de ser grandes nomes da literatura brasileira. Muitos se dedicaram à versificação sem nunca terem sido considerados como nomes relevantes em nossa produção literária. Na literatura brasileira, Olavo Bilac e Guimarães Passos escreveram o Tratado de versificação, tendo Bilac ficado conhecido por defender ardorosamente a métrica, produzindo diversos poemas dedicados sobretudo aos elementos concernentes à versificação. Sendo assim, não é pertinente que a versificação seja confundida com poesia: esta é capaz de despertar encantamento estético e está intrinsecamente relacionada com o campo das sensações. Pode estar presente em diversas manifestações artísticas e até mesmo no cotidiano do homem. A versificação está para o poema, pois o poema refere-se à forma, ou seja, aos versos, estrofes e sua disposição.

O ritmo poético, noção elementar do conceito de versificação, tem como principal característica a repetição e é assegurado pela utilização dos seguintes elementos:

1) Número fixo de sílabas: difere em muito da contagem de sílabas proposta pela norma gramatical. Na recitação, o que é relevante é a realidade auditiva, e não a representação escrita da palavra;

2) distribuição das sílabas fortes (ou tônicas) e fracas (ou átonas);

3) cesura: pausa interna que pode ocorrer em virtude da necessidade de uma interrupção sintática ou pela necessidade de destacar algum vocábulo;

4) rima: igualdade ou semelhança de sons na terminação das palavras a partir da última vogal tônica. Pode ser classificada como perfeita, quando a identidade dos fonemas finais é completa, ou imperfeita, quando essa mesma identidade fonética não é completa;

5) aliteração: está relacionada com o desejo de harmonia imitativa, repetindo fonemas em palavras simetricamente dispostas. Observe a repetição do fonema /v/ no fragmento do poema “Violões que choram”, do poeta simbolista Cruz e Sousa:

“Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas,

Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”

6) encadeamento: repetição de fonemas, palavras, expressões ou um verso inteiro simetricamente disposta;

7) paralelismo: consiste na repetição simétrica das palavras dentro de seu conteúdo semântico, cuja principal intenção é tornar o texto mais elaborado e requintado. Observe a ocorrência do paralelismo no fragmento do poema “Baladas Românticas”, de Olavo Bilac:

Como era verde este caminho!
Que calmo o céu! que verde o mar!
E, entre festões, de ninho em ninho,
A Primavera a gorjear!...
Inda me exalta, como um vinho,
Esta fatal recordação!
Secou a flor, ficou o espinho...
Como me pesa a solidão!

Carlos Drummond de Andrade certa vez afirmou sua identificação e filiação ao movimento modernista brasileiro que ganhou voz sobretudo em São Paulo, no ano de 1922. Os poetas modernistas prezavam maior liberdade à criação poética e uma forte ruptura com o modelo literário vigente, o Parnasianismo. Contudo, já em sua maturidade como poeta, Drummond afirmou que a "liberdade que não é absoluta, pois a poesia pode prescindir da métrica regular e do apoio da rima, porém não pode fugir ao ritmo, essencial à sua natureza”.

“Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem 3 há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça. (...)”

(Fragmento do poema “O lutador”, de Carlos Drummond de Andrade)



ESTILÍSTICA E POÉTICA (FIGURAS DE LINGUAGEM) CAPÍTULO 33


Figuras de linguagem são recursos de expressão, utilizados por um escritor, com o objetivo de ampliar o significado de um texto literário ou também para suprir a falta de termos adequados em uma frase. É um recurso que dá uma grande expressividade ao texto literário.
As mais comuns são: metáfora, comparação, metonímia, antítese, paradoxo, personificação (ou prosopopeia), hipérbole, eufemismo, ironia, elipse, zeugma, pleonasmo, polissíndeto, assíndeto, onomatopeia, anáfora, sinestesia, gradação e aliteração.
Metáfora
A metáfora é um tipo de comparação, mas sem os termos comparativos (tal comocomosão comotanto quanto, etc). Na metáfora, a comparação entre dois elementos está implícita, trazendo uma relação de semelhança entre eles. Exemplo:
Tempo é dinheiro.
Percebemos neste exemplo a relação implícita, onde o tempo é tão valoroso quanto o dinheiro, por isso ele é colocado como semelhante à moeda.
Comparação
A comparação consiste na aproximação entre dois objetos por meio de uma característica semelhante entre eles, dando a um as características do outro. Difere da metáfora porque possui, obrigatoriamente, termos comparativos. Em suma, é uma comparação explícita. Exemplo:
Tempo é como dinheiro.
Neste exemplo vemos o principal definidor de uma comparação: a palavra como traz explicitamente a ideia de que o tempo é valoroso como o dinheiro.
Metonímia
É a substituição de uma palavra por outra sendo que, entre ambas, há uma proximidade de sentidos, uma relação de implicação. Exemplos:
·         Não leu Machado de Assis.
·         Não leu a obra de Machado de Assis.
Vemos no exemplo que a obra de Machado de Assis foi substituída só pelo nome do autor. A metonímia consiste nessa substituição de palavras, dando o mesmo sentido a uma frase. A seguir, outro exemplo que reforça essa substituição:
·         cozinha italiana é maravilhosa!
·         comida italiana é ótima.
Antítese
A antítese consiste no uso de palavras, expressões ou ideias que se opõem. Exemplo:
Soneto da Separação
De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

Vinícius de Moraes
Neste soneto vemos claramente a antítese por trás da temática da separação amorosa: o que antes era riso trouxe lágrimas com a separação; as bocas unidas pelo beijo no amor se separam como a espuma que se espalha e se dissolve. A oposição de sentimentos e atos forma claramente a antítese.
Paradoxo
Paradoxo é a presença de elementos que se anulam numa frase, trazendo à tona uma situação que foge da lógica. Exemplo:
Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

Luís de Camões
A situação do paradoxo aqui é clara: os elementos marcados se anulam, trazendo uma série de questionamentos. Como pode uma ferida, algo que causa dor física, não ser sentida? Como o contentamento, que causa felicidade, pode ser descontente? Como a dor pode não doer? Vemos claramente a fuga da lógica.
Personificação (ou prosopopeia)
A personificação, também chamada prosopopeia, consiste na atribuição de características humanas, como sentimentos, linguagem humana e ações do homem, a coisas não-humanas. Exemplo:
Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.

Carlos Drummond de Andrade
Neste exemplo, o medo, uma sensação, é transformado em pai e companheiro, algo que só é atribuído a um ser humano.
Hipérbole
Esta figura de linguagem consiste no emprego de palavras que expressam uma ideia de exagero de forma intencional. Exemplo:
Ela chorou rios de lágrimas.
Chorar rios remete a um choro contínuo, exagerado e o termo rios vem para enfatizar a ideia de que foi um choro intenso.
Eufemismo
O eufemismo ocorre quando utilizamos palavras ou expressões que atenuam e substituem outras que produzem um efeito desagradável e chocante. Exemplos:
·         Faltei com a verdade ao dizer que fui à igreja.
·         Menti ao dizer que fui à igreja.
A expressão e o impacto negativo que a palavra menti traz é ""suavizado" ao dizer que "faltei com a verdade".
Ironia
É a expressão de ideias com significado oposto ao que se realmente pensa ou acredita. Exemplo:
Moça linda, bem tratada,

Três séculos de família,
Burra como uma porta:
Um amor!

Mário de Andrade
O trecho é o exemplo claro de ironia: a moça é descrita como, bonita e bem tratada, tradicional, conservadora (é de família) e burra. O destaque em "um amor", apoiando-se na descrição da moça, mostra que ela, ao contrário de ser esse "amor de pessoa", é, na verdade, alguém sem atrativos, sem graça.
Elipse
Temos elipse quando, em um texto, alguns elementos são omitidos sem ocasionar a perda de sentido, uma vez que as palavras omitidas ficam subentendidas através do contexto. Exemplos:
·         Ela está passando mal! Depressa, um médico!
·         Ela está passando mal! Depressa, chamem um médico!
Na primeira frase temos a elipse ao vermos que a palavra chamem está escondida. Não é necessário colocá-la e não há perda de sentido, porque mesmo sem ela entendemos que é necessário chamar um médico depressa porque ela está passando mal.
Zeugma
É parecido com a elipse, no entanto, só podemos identificar desta forma esta figura de linguagem quando há omissão de algo que já foi expresso no texto. Sabemos que o termo foi omitido porque já foi apresentado. Exemplo:
Canção do Exílio
Nosso céu tem mais estrelas

Nossas várzeas tem mais flores
Nossos bosques tem mais vida
Nossa vida mais amores

Gonçalves Dias
Neste trecho vemos a omissão da palavra tem no último trecho. Não foi necessário o emprego dessa palavra para entender que a vida tem mais amores, pois já houve repetição da palavra nos outros versos.
Pleonasmo
Repetição de uma ideia por meio de outras palavras. É utilizado como forma de ênfase e, além de ser figura de linguagem, é classificada como vício. A diferença entre a figura de linguagem e o vício de linguagem é simples: para ser figura de linguagem, o pleonasmo vem de forma intencional, para dar mais expressividade no texto, enquanto no vício vem como uma repetição não intencional e desnecessária. Exemplo:
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro

(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.

Manuel Bandeira
A repetição proposital de Manuel Bandeira ao dizer que "chovia uma chuva" intensifica a ideia de que estava chovendo.
Polissíndeto
Consiste na repetição de conjunções para garantir um texto mais expressivo. Exemplo:
O olhar para trás
E o olhar estaria ansioso esperando

E a cabeça ao sabor da mágoa balançada
E o coração fugindo e o coração voltando
E os minutos passando e os minutos passando...

Vinícius de Moraes
A conjunção e vem para caracterizar o polissíndeto, trazendo ações e sensações que ocorrem de forma contínua e rápida.
Assíndeto
O assíndeto ocorre quando há omissão das conjunções. Exemplo:
Morte no avião
Acordo para a morte.

Barbeio-me, visto-me, calço-me.

Carlos Drummond de Andrade
A conjunção geralmente é substituída por vírgula, como no exemplo.
Onomatopeia
Temos onomatopeia quando há o uso de palavras que reproduzem os sons de seres vivos e objetos. É mais comum em história em quadrinhos.
Anáfora
Consiste na repetição de palavras ou expressões com o objetivo de enfatizar uma ideia. Exemplo:
Elegia Desesperada
Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres

Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade

Vinícius de Moraes
Sinestesia
A sinestesia traz textos que expressam as sensações humanas, com o cruzamento de palavras referentes aos cinco sentidos. Exemplo:
Recordação
Agora, o cheiro áspero das flores

leva-me os olhos por dentro de suas pétalas

Cecília Meireles
Aqui, vamos uma característica do olfato (cheiro) misturada com outra do tato (áspero).
Gradação
Nesta figura as ideias aparecem de forma crescente ou decrescente dentro de um texto. Exemplo:
Meia noite em ponto em Xangai
A mulher foi-se encolhendo, agarrada aos braços da poltrona. Cravou o olhar esgazeado no retângulo negro do céu. Encolheu-se mais ainda, cruzando os braços. Limpou as mãos pegajosas no brocado da bata. Susteve a respiração.
Lygia Fagundes Telles
Aqui a gradação crescente vem trazendo uma ideia da sensação do medo que vai aumentando.
Aliteração
Consiste na repetição de consoantes em uma sequência de palavras, trazendo um texto com um efeito sonoro. Confira um exemplo no trecho da música Chove Chuva de Jorge Ben Jor:
Chove, chuva, chove sem parar
Neste caso, o ch repetido vem para dar a sonoridade da chuva, além de dar ritmo à música de Jorge Ben Jor.


segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

ESTILÍSTICA E POÉTICA (ESTILO DIRETO E INDIRETO) CAPÍTULO 32



discurso direto é caracterizado por ser uma transcrição exata da fala das personagens, sem participação do narrador.
discurso indireto é caracterizado por ser uma intervenção do narrador no discurso ao utilizar as suas próprias palavras para reproduzir as falas das personagens.
Exemplo de discurso direto:
A aluna afirmou:
- Preciso estudar muito para o teste.

Exemplo de discurso indireto:
A aluna afirmara que precisava estudar muito para o teste.

Passagem do discurso direto para discurso indireto

Mudança das pessoas do discurso:
  • A 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª pessoa no discurso indireto.
  • Os pronomes eu, me, mim, comigo no discurso direto passas para ele, ela, se, si, consigo, o, a, lhe no discurso indireto.
  • Os pronomes nós, nos, conosco no discurso direto passam para eles, elas, os, as, lhes no discurso indireto.
  • Os pronomes meu, meus, minha, minhas, nosso, nossos, nossa, nossas no discurso direto passam para seu, seus, sua e suas no discurso indireto.
Mudança de tempos verbais:
  • Presente do indicativo no discurso direto passa para pretérito imperfeito do indicativo no discurso indireto.
  • Pretérito perfeito do indicativo no discurso direto passa para pretérito mais-que-perfeito do indicativo no discurso indireto.
  • Futuro do presente do indicativo no discurso direto passa para futuro do pretérito do indicativo no discurso indireto.
  • Presente do subjuntivo no discurso direto passa para pretérito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto.
  • Futuro do subjuntivo no discurso direto passa para pretérito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto.
  • Imperativo no discurso direto passa para pretérito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto.
Mudança na pontuação das frases:
  • Frases interrogativas, exclamativas e imperativas no discurso direto passam para frases declarativas no discurso indireto.
Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais:
  • Ontem no discurso direto passa para no dia anterior no discurso indireto.
  • Hoje e agora no discurso direto passam para naquele dia e naquele momento no discurso indireto.
  • Amanhã no discurso direto passa para no dia seguinte no discurso indireto.
  • Aqui, aí, cá no discurso direto passam para ali e lá no discurso indireto.
  • Este, esta e isto no discurso direto passam para aquele, aquela, aquilo no discurso indireto.

Exemplos de passagem do discurso direto para o discurso indireto

Discurso direto: - Eu comecei minha dieta ontem.
Discurso indireto: Ela disse que começara sua dieta no dia anterior.

Discurso direto: - Vou ali agora e volto rápido.
Discurso indireto: Ele disse que ia lá naquele momento e que voltava rápido.

para saber mais: https://www.algosobre.com.br/redacao/discurso-direto-e-indireto.html


domingo, 14 de janeiro de 2018

ESTILÍSTICA e POÉTICA (FUNÇÕES DA LINGUAGEM GRAMÁTICA E ESTILÍSTICA - CAPÍTULO 31





Na Linguística, a Estilística corresponde a área encarregada de estudar os diferentes tipos de organização das palavras ou das associações linguísticas que acontecem em determinados discursos (situações pragmáticas), sejam escritas (linguagem escrita) ou faladas (linguagem oral).

De fato, a Estilística examina o estilo dos textos, sendo assim, uma ferramenta importante para os estudiosos da área literária, a partir da produção dos discursos dos escritores, os quais revelam estilos da linguagem.

Se por um lado, a Gramática preocupa-se com a norma culta da língua, a Estilística vem complementar os estudos da linguagem, na medida em que enfoca na função expressiva dos discursos, através de recursos chamados de “Recursos Estilísticos”.

Classificação
Alguns estudiosos preferiram dividir a Estilística nos seguintes campos:

Estilística Fônica (sons)
Estilística Morfológica (forma)
Estilística Sintática (construções frasais)
Estilística Semântica (significado)
Recursos Estilísticos
Dependendo das Funções da Linguagem (referencial, emotiva, conativa, poética, fática, metalinguística) em que o discurso é empregado, a Estilística recorre a diversos recursos expressivos a fim de individualizar os estilos.

Com o intuito de oferecer mais expressividade à língua, diversos recursos estilísticos são utilizados, por exemplo:


Linguagem Denotativa e Conotativa
Recursos da língua que enfocam em suas variações semânticas, segundo o contexto que são empregadas.

A linguagem denotativa apresenta a palavra utilizada em seu sentido literal, original, real, objetivo, utilizadas em jornais, artigos acadêmicos, dentre outros.

Já a linguagem conotativa (figurada) corresponde às palavras empregadas de maneira subjetiva ou virtual, sendo muito utilizada nos textos literários.

Figuras de Linguagem
Recursos linguísticos que tem o intuito de dar ênfase ao discurso:

figuras de som (onomatopeia, aliteração, assonância, etc.)
figuras de palavras (metáfora, metonímia, sinestesia, etc.)
figuras de pensamento (hipérbole, eufemismo, antítese, etc.)
figuras de sintaxe (silepse, anáfora, anacoluto, etc.)
Vícios de Linguagem
Construções sintáticas que divergem da norma culta:

pleonasmo
redundância
ambiguidade
cacofonia
barbarismo



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