A versificação estabelece normas para a contagem das sílabas
de um verso. É uma técnica e, por isso, não está associada à noção de poesia.
A versificação estabelece normas para a contagem das sílabas
de um verso. É uma técnica e, por isso, não está associada à noção de poesia.
A versificação ou metrificação é um recurso estilístico
utilizado por muitos poetas, cuja existência não está necessariamente
relacionada com a noção de poesia. Consiste na técnica de fazer versos,
dedicando-se ao estudo dos metros, pés, acento e ritmo, além de estabelecer
normas para a contagem das sílabas de um verso.
Grandes poetas, como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de
Andrade, não se dedicaram com muita frequência ao estudo da métrica, no
entanto, não deixaram de ser grandes nomes da literatura brasileira. Muitos se
dedicaram à versificação sem nunca terem sido considerados como nomes
relevantes em nossa produção literária. Na literatura brasileira, Olavo Bilac e
Guimarães Passos escreveram o Tratado de versificação, tendo Bilac ficado
conhecido por defender ardorosamente a métrica, produzindo diversos poemas
dedicados sobretudo aos elementos concernentes à versificação. Sendo assim, não
é pertinente que a versificação seja confundida com poesia: esta é capaz de
despertar encantamento estético e está intrinsecamente relacionada com o campo
das sensações. Pode estar presente em diversas manifestações artísticas e até
mesmo no cotidiano do homem. A versificação está para o poema, pois o poema
refere-se à forma, ou seja, aos versos, estrofes e sua disposição.
O ritmo poético, noção elementar do conceito de
versificação, tem como principal característica a repetição e é assegurado pela
utilização dos seguintes elementos:
1) Número fixo de sílabas: difere em muito da contagem de
sílabas proposta pela norma gramatical. Na recitação, o que é relevante é a
realidade auditiva, e não a representação escrita da palavra;
2) distribuição das sílabas fortes (ou tônicas) e fracas (ou
átonas);
3) cesura: pausa interna que pode ocorrer em virtude da
necessidade de uma interrupção sintática ou pela necessidade de destacar algum
vocábulo;
4) rima: igualdade ou semelhança de sons na terminação das
palavras a partir da última vogal tônica. Pode ser classificada como perfeita,
quando a identidade dos fonemas finais é completa, ou imperfeita, quando essa
mesma identidade fonética não é completa;
5) aliteração: está relacionada com o desejo de harmonia
imitativa, repetindo fonemas em palavras simetricamente dispostas. Observe a
repetição do fonema /v/ no fragmento do poema “Violões que choram”, do poeta
simbolista Cruz e Sousa:
“Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
6) encadeamento: repetição de fonemas, palavras, expressões
ou um verso inteiro simetricamente disposta;
7) paralelismo: consiste na repetição simétrica das palavras
dentro de seu conteúdo semântico, cuja principal intenção é tornar o texto mais
elaborado e requintado. Observe a ocorrência do paralelismo no fragmento do
poema “Baladas Românticas”, de Olavo Bilac:
Como era verde este caminho!
Que calmo o céu! que verde o mar!
E, entre festões, de ninho em ninho,
A Primavera a gorjear!...
Inda me exalta, como um vinho,
Esta fatal recordação!
Secou a flor, ficou o espinho...
Como me pesa a solidão!
Carlos Drummond de Andrade certa vez afirmou sua
identificação e filiação ao movimento modernista brasileiro que ganhou voz
sobretudo em São Paulo, no ano de 1922. Os poetas modernistas prezavam maior
liberdade à criação poética e uma forte ruptura com o modelo literário vigente,
o Parnasianismo. Contudo, já em sua maturidade como poeta, Drummond afirmou que
a "liberdade que não é absoluta, pois a poesia pode prescindir da métrica
regular e do apoio da rima, porém não pode fugir ao ritmo, essencial à sua
natureza”.
“Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem 3 há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça. (...)”
(Fragmento do poema “O lutador”, de Carlos Drummond de
Andrade)
para saber mais: http://portugues.uol.com.br/literatura/versificacao.html
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