As línguas são uma mistura infinita de várias línguas,
dialetos, gírias. Por isso, chamamos normalmente uma língua de viva quando ela
é utilizada por uma população. Isso se dá ao fato de ela estar em constante
desenvolvimento.
Como qualquer ser vivo, a língua também sofre influências do
seu meio, contexto, o que tem ao seu redor.
Por exemplo, mesmo se fomos colonizados pelos portugueses e
falamos essa língua, o português do Brasil foi muito influenciado pelos índios
e africanos que habitaram (ou ainda habitam) no nosso território.
Temos inúmeras palavras em tupi como: capivara, carioca,
catapora, catupiri, guanabara, mingau, muamba, paraíba, perereca, peteca,
pindaíba, pororoca, tocaia, tamanduá. (Fonte: G1, Dicas de Português, Sérgio
Nogueira)
Já as palavras em africano que herdamos, principalmente do
quimbundo, língua do povo banto: bagunça, banzém batucar, beleléu, berimbau,
biboca, bunda, cachaça, cachimbo, caçula, cafofo, cafuné, calango, camundongo,
candomblé, canga, cangaço, capanga, capenga, carimbo, catinga, chimpanzé,
cochilar, dengue, fungar, fuzuêo, minhoca, moleque, titica… (Fonte: G1, Dicas
de Português, Sérgio Nogueira)
Mas de onde veio as influências do latim e do grego na nossa
língua?
Claro que existe o grego, língua falada na Grécia, mas ela
sofreu muitas alterações e hoje falamos em grego moderno.
Mesmo sendo línguas mortas, elas foram a base de muitas
línguas que existem até hoje, sabia?
O português (conheça mais sobre a história da língua e do
Brasil), o italiano, o espanhol, o francês e o romeno têm bases diretas na
língua latina! Ela é oriunda dos romanos e chegou aos respectivos territórios
na época do império romano.
Roma influenciou todas as línguas latinas e, inclusive, a
portuguesa
Os romanos dominaram muitos territórios, inclusive a
Peninsula Ibérica
Na Península Ibérica, os romanos chegaram 300 anos a.C.,
aproximadamente. Como eles faziam em todo território que ocupavam, impunham a
língua latina para o povo que dominavam.
Os lusitanos (civilização que deu origem aos portugueses)
não ficaram de fora. Apesar de algumas guerras entre os romanos e os lusitanos,
eles acabaram perdendo e cedendo às exigências do povo dominador.
Por isso, o latim se tornou a base da nossa língua. Primeiro
por causa da invasão romana na Península Ibérica e, consequentemente, Portugal.
Segundo porque o Brasil (é verdade que nossa língua é sexy?)
foi colonizado pelos portugueses. Por isso, implantaram também sua língua no
nosso território e falamos português!
Mas por que também temos palavras gregas no nosso
vocabulário?
Porque a civilização grega era muito rica em teorias,
literatura, filosofia. Os romanos também invadiram a Grécia e foram muito
influenciados pela cultura desse povo.
É muito comum encontrarmos as palavras gregas na área da
medicina, ciência, matemática, física, química…
Isso se deve ao fato deles terem sido os percursores nessas
ciências. Então, a base que temos delas vêm do grego.
Saiba que toda vez que você vai ao médico, você e ele falam
um pouquinho grego?
ofto: olho (oftalmologista)
oto: ouvido, rino: nariz, laringo: mecanismo de fonação
(sons da fala) (otorrinolaringologista: especialista do ouvido, nariz e
laringe)
algia: dor (otalgia: dor de ouvido)
neuro, nevra: nervos (nevralgia: dor nos nervos)
ite: inflamação (rinite: inflamação no nariz)
rinite: inflamação no nariz (Fonte: G1, Dicas de Português,
Sérgio Nogueira)
Vamos dar mais exemplos de palavras gregas usadas em
português (conheça os famosos que falam a nossa língua) adiante.
Latim vulgar x latim clássico
É importante distinguir o latim vulgar, chamado de baixo
latim, e o latim clássico dos autores da época. O latim falado pelos
comerciantes e os funcionários era o vulgaris, entre gírias e dialetos dos
soldados e dos exploradores.
O português vem do latim baixo do povo como o francês, o
italiano, o espanhol e o romeno.
A invasão romana não é somente militar. Ela é igualmente
cultural e linguística com as palavras que passam pelo uso comum.
Roma influenciou o globo e a língua portuguesa
A capital romana era o centro do mundo
O latim passou por transformações: do latim clássico de
autores como Séneca e Cícero, ele é adaptado e se transforma no latim vulgar e
depois no galo-romano para se integrar ao velho português.
Influência do grego antigo na língua portuguesa
Mesmo se o latim tem uma influência direta com seus
prefixos, sufixos e palavras inteiras, o grego antigo deixou suas marcas na
língua portuguesa (como nossa língua é vista através do globo?). Muitos
professores indicam a alunos que queiram estudar literatura para estudar o
latim. Já o grego, para os alunos que queiram seguir carreira científica.
Por que?
O grego antigo foi falado pelos grandes pensadores em
matéria de ciências: Tales de Mileto, Pitágoras, Sócrates e Platão. A gente
conhece todas as primeiras letras do alfabeto grego: alpha, beta, gamma, delta,
epsilon.
As palavras como biologia, química, aritmédia vêm do grego
além de todos os símbolos da matemática como o pi.
É comum aconselhar os alunos que pensam e fazer medicina ou
farmácia a fazerem o grego. O vocabulário medical vem diretamente do grego como
os prefixos bio, que significa vida, hemo-hemato que estão em torno da
circulação sanguínea, neuro-nevro a propósito dos nervos.
De qualquer jeito, o grego antigo passou na língua corrente
com os prefixos de quantidade: mono, di, tri…
O mundo grego é marcado pela influência da política, é por
isso que a gente deve a eles as palavras como democracia (dêmokratia).
Vamos exemplificar algumas palavras que vieram do latim:
amar (amare), cair (cadere), dizer (dicere), filho (filius), mãe (mater), pai
(pater), bom (bonus), forte (fortis), verde (viridis), água (aqua), casa
(casa), mão (manus), ave (avis), cavalo (caballus), gato (cattus).
Veja algumas expressões em latim e sua tradução em português
(repare as semelhanças):
O português teve influência do idioma grego
Além das belezas naturais, o país foi o berço da filosofia e
das principais ciências
Ab imo pectore – Do fundo do peito
Alea iacta est – A sorte está lançada
Amor amore compensatur – Amor com amor se paga
Amor caecus – O amor é cego
Arbor ex fructu cognoscitur – Pelo fruto conheço a árvore
Canes qui plurimum latrant, perraro mordent – Cão que muito
ladra, pouco morde
Cucullus non facit monachum – O hábito não faz o monge
Cum dixeris quod vis, audies quod non vis – Quem diz o que
quer, ouve o que não quer
Dictum ac factum – Dito e feito
Eadem per eadem – Pagar na mesma moeda
Errando discitur – É errando que se aprende
Errare humanum est – Errar é humano
Fallitur visus – As aparências enganam
Flamma fumo est proxima – Onde há fumaça, há fogo
Industriam adiuvat Deus – Deus ajuda a quem trabalha
Manus manum lavat – Uma mão lava a outra
Melius est abundare quam deficere – Antes sobrar que faltar
Malo solari, quam perverso sociari – Antes só que mal
acompanhado (Fonte: Só Português)
Como estudar as línguas antigas?
Hoje, as línguas antigas são somente opções de estudo que
acrescentam pontos suplementares.
Se quiser conhecer e estudar essas línguas, siga algumas
dicas que vamos te dar aqui:
1/ Estude regularmente
Como em qualquer matéria, o latim e o grego necessitam de um
trabalho recorrente de mais ou menos 2 horas por dia.
No colégio, o latim permite de solidificar alguns
conhecimentos de gramática. A ortografia de uma palavra depende de suas
declinações e sua função.
É importante conhecer as declinações como a conjugação.
2/ Interessar-se pela cultura latina e grega
O início dos estudos em latim pode ser difícil.
Porém, os professores pedem para fazer trabalhos sobre as
civilizações gregas e latinas. O conhecimento sobre elas vai te estimular
automaticamente para o aprendizado das línguas.
A antiguidade é um período vasto e rico: então, é possível
fazer apresentações sobre os autores da época, os costumes (casamento,
alimentação, educação), religião, e as invasões do exército romano.
3/Escrever textos e traduções regularmente
Muitos pedem também para traduzir uma frase em português
(quantas mudanças houve na nossa língua até hoje?) para o latim. Exercício que
demanda muito treino para aprender todas as declinações e acordos.
O contrário é menos complicado: traduzir um texto do latim
para o português.
É importante treinar todas as semanas para melhorar sua
rapidez e não ficar com a cabeça afundada no dicionário latim/português em
permanência. Os textos de Cícero, César, Ovídio, Augusto, Horácio e Virgílio
podem trazer bastante conhecimento além do aprendizado da língua latina.
4/ Fazer aulas particulares
O latim e o grego podem ser matérias muito difíceis com
duração de 3 horas por semana. É bem provável ter dificuldades nessa matéria
complexa.
Porém, um professor particular pode ajudar o aluno com
dificuldades a rever os aspectos complexos. Professor de letras, ele pode
detectar os problemas também da língua portuguesa (conheça a sua história) que
podem atrapalhar na hora das traduções.
Quem sabe o professor pode, então, matar dois coelhos com
uma cajadada só: tirar suas dúvidas de latim e português ao mesmo tempo?
O latim e o grego antigo: qual influência hoje?
O latim é uma das quatro línguas oficiais do Vaticano.
Missas também podem ser dadas em latim por igrejas católicas.
Os papas e cardinais falam e escrevem fluentemente o latim.
A língua é ensinada também aos padres nos estudos de teologia.
Em botânica, o latim sempre teve uma grande influência (veja
outras línguas importantes para o português do Brasil). Os botânicos eram
obrigados a escrever e publicar seus estudos descritivos sobre algas, fungos e
plantas em latim até 2012.
Hoje, eles podem igualmente escrever em inglês.
O latim tem uma boa reputação nas melhores universidades no
mundo. Muita gente acha que o latim é uma língua elitista. Em alguns países da
Europa, a elite asssite às missas na língua.
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