Toda resenha é a descrição de um objeto (seja um obra
literária, um filme ou uma apresentação artística) e seu papel é justamente
apresentar o tema analisado. Trata-se, portanto, de um texto de informação e de
opinião.
Ela é um pequeno resumo no qual propõe a exposição de
ideias, agregado ao juízo de valor do autor, ou seja, sob a ótica do emissor.
Elaboração da Resenha Crítica: Passo a Passo
A resenha é uma análise interpretativa e, por isso, faz-se
necessário atentar ao tema que será discorrido e, além disso, as considerações
pessoais sobre o objeto analisado.
Assim, se a resenha será de uma peça de teatro é muito
importante que você vá assisti-la e crie seu próprio juízo de valor a respeito
do tema.
Da mesma forma, se a tarefa for fazer uma resenha crítica de
um livro, faz-se necessário a leitura e uma análise sobre a obra.
Para produzirmos uma resenha devemos seguir os seguintes
passos:
Escolha do tema a ser analisado;
Aprofundamento e contextualização do tema;
Argumentação e criação de um juízo de valor ou opinião
pessoal sobre o tema.
No último tópico, observe que não precisamente o discurso
aparecerá em primeira pessoa (eu), mais comum, aparecer em terceira pessoa
(ele, ela, você).
Outros elementos importantes para a elaboração de uma
resenha crítica são: conhecimento sobre o autor e sua obra bem como a relação
com outros textos, conceitos e autores.
Dessa forma, vale ressaltar que quanto mais o resenhista
amplia os conhecimentos que envolvem o tema, a resenha ficará muito melhor.
A resenha segue o modelo dos textos
dissertativos-argumentativos, ou seja, introdução, desenvolvimento e conclusão.
Contudo, é um texto flexível e pode não seguir essa regra.
Destaca-se que, quando uma resenha crítica é feita de uma
obra, deve-se colocar a referência bibliográfica e as informações sobre o
autor.
Entenda mais em Bibliografia.
Tipos de Resenha
Segundo sua finalidade, a resenha pode apresentar duas
modalidades:
Resenha-resumo: caracterizado por ser um texto informativo e
descritivo o qual sintetiza os aspectos e os pontos mais relevantes do objeto
analisado.
Resenha-crítica: clém de sintetizar as ideias principais do
objeto, a resenha crítica é marcada pelo juízo de valor do resenhista.
Exemplo de Resenha Crítica
Segue abaixo uma resenha crítica do livro o “Menino
Maluquinho” (1980), do escritor Ziraldo Alves Pinto.
Quem nunca ouviu falar do menino que ‘tinha ventos nos pés’,
o ‘olho maior que a barriga’, ‘fogo no rabo’, ‘umas pernas enormes (que davam
para abraçar o mundo)’ e que ‘chorava escondido se tinha tristezas’?
É assim, que caracterizamos um dos personagens de Ziraldo
que com mais de 30 anos de existência, corrobora sua atemporalidade.
“O Menino Maluquinho”, lançado em 1980 pelo escritor e
cartunista Ziraldo, é um clássico da literatura e que continua conquistando o
universo infanto-juvenil.
Em entrevista ao Diário Catarinense (2011), Ziraldo afirma
que a ideia de criar o menino maluquinho surgiu de considerações e observações
pessoais:
“Eu já tinha visto o que tinha acontecido com meninos
felizes e infelizes. Os felizes viraram adultos mais bem resolvidos. Os
infelizes e desamados, ficaram adultos mais sofridos.”
No tocante ao uso da inocência e da simplicidade, muitas
obras de artes nos leva a recordar da célebre frase de Leonardo da Vinci quando
nos alerta que:
“A simplicidade é o último grau de sofisticação”.
No livro o “Menino Maluquinho”, isso não é diferente e se
torna claro, no momento em que iniciamos a leitura. De partida, já nos
familiarizamos com seus desenhos naif, sua linguagem simples, ‘nada de
especial’, diriam alguns, ‘tudo de essencial’, afirmariam outros.
Assim, o essencial e o especial se mesclam numa narrativa
fluida, simples e familiar. Isso porque a obra trata de aspectos do cotidiano,
da simplicidade dos momentos, de um menino travesso com uma felicidade
contagiante.
Interessante notar que o sucesso da obra não fora passageiro
e seu reconhecimento implicou no aumento considerável do número de vendas e
edições ao longo desse anos.
E, se pensarmos assim, já temos certeza que esse ‘personagem
lendário’ adquiriu uma posição de destaque, já que é considerada uma das
maiores obras infanto-juvenis do Brasil.
Atualmente, ela é utilizada nas escolas como ferramenta de
acesso e, ainda, para disseminar o gosto pela leitura.
Além disso, a obra foi adaptada para cinema, série
televisiva e desenho animado, expandindo ainda mais os corriqueiros momentos de
travessuras desse menino tão maluquinho.
Nesse momento, surgem as perguntas: o que torna uma obra
literária parte do imaginário de um povo? Como adquire uma posição de destaque?
Para responder essas questões, podemos pensar na psicologia
e pressupor uma identificação da personagem com sua personalidade. Ou ainda,
percorrer os caminhos da linguística pra explicar que uma linguagem simples e
cheia de significados absorve a atenção do público. Entretanto, aqui, a ideia
não é esta!
Após a leitura, fica claro é que, com uma linguagem e uma
narrativa simples, Ziraldo conseguiu transmitir ao público, a trajetória e os
momentos quase universais de uma infância feliz.
Talvez por isso, houve durante essas décadas, enorme
aceitação do público. Essa obra vendeu cerca de 2,5 milhões de exemplares ao
mesmo tempo que acompanhou nossa era digital.
Assim, hoje encontramos sites do menino maluquinho, com
vídeos, jogos, quadrinhos, dentre outros.
“E, como todo mundo, o menino maluquinho cresceu (...) E foi
aí que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho ele
tinha sido era um menino feliz!”.
A simplicidade com que o livro termina, nos leva a pensar
que, como toda criança travessa, sua infância e trajetória de vida está repleta
de acontecimentos tão ‘humanos’.
Destacam-se: fazer travessuras, ter inquietudes, se
apaixonar, brincar com os familiares, tirar nota baixa na escola, ter bons
amigos, algumas namoradas, segredos, jogar futebol, empinar pipa, se machucar,
ter decepções e alegrias...
Todos os acontecimentos que resumem uma vida simples e feliz
e que o tornam esse ‘cara legal’, são desvendadas pelo próprio Ziraldo no final
da estória.
O maluquinho revela diante das coisas boas e nem tão boas da
vida, que consegue sorrir e ter princípios e valores.
Segundo o poeta e filósofo estadunidense Henry Thoreau
(1817-1862): “Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da
leitura de um livro”.
Pra mim, essa frase faz sentido na medida em que meu
encontro com o “Menino Maluquinho”, foi de extrema identificação, percepção,
magia, catarse.
‘Devorei’ a obra nos espaçosos corredores de uma feira de
livros na década de 90 na cidade de São Paulo. Eu tinha 8 anos.
Naquele momento inebriada com o cheiro de livros, luzes
coloridas e brilhantes, vozes em verso e prosa e as mãos dadas ao papai, que eu
iria crescer, igual o menino maluquinho.
Assim, o meu novo desafio a partir daí foi a busca para me
tornar aquele ‘cara legal’ descrito por Ziraldo.
Afinal, ‘ventos nos pés’, vontade de 'abraçar o mundo' e
'imaginação' eu já tinha, e bastante.
para saber mais:
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