Quando alguém fala
em gramática, você já pensa em várias regras de uso e suas exceções?
Quando alguém fala
em gramática, você já pensa em várias regras de uso e suas exceções?
Se sim, você está
pensando na gramática normativa!
A gramática
normativa é o que nós conhecemos no ensino médio como “norma culta”. As regras
da gramática normativa ditam a forma como o português deve ser falado. São elas
que estabelecem as normas de concordância e regência verbal e nominal,
estabelecem as flexões de gênero, número e pessoa, as colocações das palavras
nas frases e até a pronúncia e acentuação.
Apesar de ser
adotada como o dialeto padrão, a gramática normativa é baseada na língua
escrita, e por isso não é o único conjunto de normas reconhecidos para o nosso
português. Existem outros dois tipos de gramática: a descritiva, que se refere
às normas que nós seguimos sem necessariamente saber que são regras, e a
internalizada, que são as situações de fala mais cotidianas, que variam
conforme a região do país, por exemplo.
A gramática
normativa é reconhecida como a expressão mais correta da língua, e por isso é
extremamente valorizada como a “boa linguagem”. Assim, a pessoa que domina a
norma culta é considerada uma boa falante, e a sua produção textual é mais valorizada por
esse motivo.
A gramática normativa é o “certo”?
A resposta para
essa pergunta é relativa. As demais variantes do português não são consideradas
totalmente incorretas, mas algumas expressões e palavras fogem às regras da
gramática normativa, e, portanto, são erradas em relação a ela.
Regionalismos e
neologismos são celebrados em algumas circunstâncias, já que possuem valor
cultural e até literário. Alguns autores brasileiros são conhecidos justamente
por criar termos novos em suas obras, como Carlos Drummond de Andrade e
Ariano Suassuna, e são muito celebrados por isso!
O que são erros?
Situações de
avaliação como provas do ENEM, vestibulares e concursos públicos, e vários
tipos de interação formal, como comunicação corporativa, contratos, redação
jornalística e ofícios governamentais precisam de um padrão de linguagem. Por
isso, adotamos a gramática normativa como a regra oficial, e segui-la passou a
ser sinônimo de falar e escrever corretamente o português.
Veja só alguns dos
erros que são mais comuns:
Conjugação verbal
Conjugar
incorretamente os verbos em “a gente vamos” e “nós vai”
é considerado um erro gramatical, assim como “O prefeito não interviu a
tempo de evitar a greve dos servidores”, em que o correto seria “O prefeito
não interveio a tempo de evitar a greve dos servidores”.
Pessoas e tempos verbais
Da mesma forma, é
incorreto misturar diferentes pessoas verbais na mesma frase, como em “Deixe de
preguiça, vem para a festa”: a frase começa com a pessoa você (deixe)
e termina com a pessoa tu (vem). Apesar de ser gramaticalmente
incorreta, a frase é comum na nossa língua. Para adequar a frase existem duas
possibilidades:
·
Você: Deixe de
preguiça, venha para a festa!
·
Tu: Deixa de
preguiça, vem para a festa!
Uma frase que
mistura de tempos verbais é “Não acredito que essa solução satisfaz a
todos os interessados”, no presente do indicativo. A frase correta seria “Não
acredito que essa solução satisfaça a todos os interessados”,
presente do subjuntivo.
Flexões de número
Um erro muito
repetido é flexionar impropriamente em plural e singular, como “As
pessoas tem dificuldade de entender as normas da língua
portuguesa”, em que o correto seria têm, com acento circunflexo,
indicando o plural.
Substantivos
compostos sofrem flexões erradas a todo momento, e vale a pena estudar um pouco
as regras! Mais de um guarda-chuva são vários guarda-chuvas,
mas um terrorista pode explodir bombas-relógio ou bombas-relógios,
que o prejuízo será o mesmo!
Pronomes
As regras para os
pronomes também são bastante confundidas, principalmente o posicionamento deles
nas frases — ênclise, mesóclise e próclise. “Dê-me um exemplo?” é a
forma correta, com o pronome em ênclise, mas o que mais usamos é “Me dê um
exemplo”, em próclise. A gramática normativa proíbe o início de frases com
pronomes oblíquos como o me.
Frases como “Peguei
várias atividades para mim fazer” são bem comuns também, em
que o correto seria “Peguei várias atividades para eu fazer”.
Da mesma forma, “Comprei um carro para eu” está errado, e o correto
é “Comprei um carro para mim”.
Regência
A regência verbal é
uma das partes mais complexas do ensino do português nas escolas, justamente
pelas inúmeras normas. Verbos como assistir, visar e aspirar assumem
diferentes significados dependendo da regência, e podem deixar um diálogo
simples bastante complicado.
A frase “Ela
trabalhava visando o mercado internacional” fala sobre uma
mulher que trabalhava enxergando o mercado internacional. Se a intenção é dizer
que o objetivo dela era alcançar sucesso e ir para o mercado internacional, a
regência correta é “Ela visava ao mercado
internacional”.
Sílabas tônicas
Erros de acentuação
gráfica e pronúncia de sílabas tônicas são desvios clássicos da gramática
normativa. Palavras como “rubrica”, “fluido”, “gratuito” são vítimas
recorrentes, acentuadas impropriamente tanto na escrita quanto na fala. Rúbrica,
fluído e gratuíto são erros gramaticais!
Usos impróprios
O verbo há, no
sentido de existir, é impessoal. Isso significa que ele só é conjugado em uma
pessoa, a terceira do singular, mesmo que a frase esteja no plural. “Houveram várias
festas de Natal no bairro” é um erro, e o correto seria “Houve várias
festas de Natal”. Ainda sobre esse verbo, se o sentido é sinônimo de fazer e
indica tempo, o verbo deve ser empregado, como “Eu a conheci há 15
dias”.
Em tempo: o verbo
fazer indicando tempo também não flexiona para o plural no passado. “Fazem três
anos que não tiro férias” é incorreto, apesar de parecer a flexão mais
adequada.
Outra dificuldade
enfrentada pelos brasileiros é diferenciar os usos de mau e mal,
respectivamente os opostos de bom e bem. Da mesma
forma, onde e aonde aparecem colocados de
forma incorreta com muita frequência. Aonde é utilizado com
verbos que pedem a preposição a, como em “Aonde vocês
foram nas últimas férias?”, pois quem vai, vai a algum lugar.
Onde se aplica aos demais usos, referindo-se a
verbos que pedem a preposição em, como “Onde você
estava ontem à noite?”, pois quem estava, estava em algum
lugar. Ainda no caso dessas duas palavras, ambas devem ser usado apenas
para referenciar lugares físicos! A frase “Escrevi um livro onde falo
sobre a minha experiência como redator freelancer” é incorreta, e pode ser
corrigida empregando as expressões no qual ou em que.
A expressão a
fim de é muito confundida com a palavra afim. São usos corretos “A cidade de Belo Horizonte e
municípios afins foram inundados pela forte chuva” — refere-se
a municípios próximos, nas redondezas; “A fim de compreender
melhor a gramática normativa, comprei um livro especializado no assunto” —
expressão sinônima de com a finalidade de; “A seleção brasileira de vôlei já
está treinando, a fim de que estejam prontos para
o próximo campeonato” — expressão sinônima de para que;
Curiosidade: A expressão com o significado de “ter interesse romântico” é estar a fim de alguém!
Por que é importante dominar a gramática normativa?
Um conteúdo
produzido por um redator com domínio da gramática normativa é valioso em vários
sentidos! Para o cliente, que receberá um texto em total acordo com as normas
da língua portuguesa, é uma vantagem enorme. A qualidade do conteúdo vai passar
uma ótima impressão para os leitores, que por sua vez poderão entender melhor o
que está escrito e aprender mais com o conteúdo.
Além dessas
vantagens, um conteúdo que segue os padrões da norma culta pode ser lido por
qualquer pessoa que compreende a língua, já que neologismos e expressões
regionais não serão empregadas no texto. Isso aumenta o alcance da produção, e,
em tempos de globalização, alcance é tudo!
A gramática
normativa é sinônimo de alta qualidade e conhecimento, e textos que cometem
deslizes gramaticais são extremamente malvistos. Além de trazer questionamentos
sobre o conhecimento e a qualidade do trabalho do redator, a empresa que assina
o blog pode ter a sua própria qualidade e credibilidade questionadas. Esse é um
risco que nenhuma empresa quer correr, certo?
Em todo caso, você
sempre pode contar com ajuda! Existem várias ferramentas que
podem facilitar a revisão e se certificar de que não há nenhum deslize no
seu texto.
Ainda assim, vale a
pena estudar as regras da norma culta. Apesar de serem muitas e um pouco
complicadas de entender, essas diretrizes existem para, em última instância,
uniformizar a comunicação entre os falantes do português, e um redator de
qualidade precisa ser capaz de produzir conteúdo para qualquer pessoa entender.
Fique atento também
às reformas ortográficas; recentemente, o Brasil passou por uma reforma que
alterou diversas regras de ortografia, a fim de deixar o português brasileiro
mais parecido com o falado em outros países da comunidade lusófona, e até hoje
alguns redatores ainda se sentem inseguros e em dúvida em algumas questões. Não
deixe de estudar a Nova Ortografia!
para saber mais:www.comunidade.rockcontent.com
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