segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

TROVAS DE FIM DE ANO






No último dia do ano
eu queria imaginar
como seria tão insano
viver a vida sem amar.


Por isso, te digo irmão
não perca tempo parado
nem entre na contra mão.
Do mal, fique afastado.


Mude sua atitude!
Os novos ares virão.
Enfrentarás com saúde
terás paz no coração.



José Carlos de Arruda.
Rio de Janeiro – RJ - Brasil
Direitos Reservados, Lei 9.610 de 1998.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

BNCC EM LÍNGUA PORTUGUÊSA






Grande parte dos professores que estão hoje em sala têm os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como referência para seu planejamento. Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mudanças e novidades serão implementadas em todos os componentes curriculares – e essas novidades estão cada dia mais perto de chegarem às salas de aula. Em algumas redes, como a do município de São Paulo, a Base já é realidade. Em outras, as preparações para lidar com o documento já começaram. Mas escolas e educadores já podem começar a compreender as alterações que deverão, a partir de 2019, ser incorporadas ao cotidiano.

Veja os principais pontos de mudança que a BNCC propõe para Língua Portuguesa

O tema foi explorado na Virada de Autores de Língua Portuguesa e Educação Infantil, que acontece entre os dia 19 e 22 de julho, em Itapeva (MG). Na palestra As práticas de linguagem contemporâneas e a BNCC, Jacqueline Peixoto Barbosa, professora Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp e uma das redatoras da última versão da Base, apresentou algumas das mudanças trazidas pelo documento.

1) As práticas contemporâneas ganham força
Diferentes formatos e gêneros textuais ganharam destaque com a internet e passaram a fazer parte do nosso dia a dia. A exploração e a análise dessas múltiplas linguagens são uma das principais novidades trazidas pela BNCC que não eram contempladas pelos Parâmetros. “A gente já trabalha com alguns, como HQ há muito tempo, mas a questão aqui é que isso começa a crescer. Aparecem mais gêneros e mais práticas de linguagem”, explica Jacqueline.

2) Os gêneros vão além dos já trabalhados pela escola
Até recentemente, gêneros digitais não eram sequer considerados como objeto de exploração das aulas de Língua Portuguesa (há duas décadas, eles ainda nem existiam). Nos últimos dez anos, os gêneros mais comumente usados na vida adulta, como blogs e emails, passaram a fazer parte do cotidiano escolar, mas sem tanto espaço para concorrer com os mais tradicionais. “Muitas vezes, os gêneros mais valorizados socialmente são tratados pela escola e os gêneros que circula nas práticas das culturas juvenis acabam ficando de fora”, considera Jacqueline. A especialista relembra que antes da década de 80, a linguagem culta era a única considerada pela escola, enquanto outras, silenciadas por ela. Com a Base, isso tende a ser totalmente transformado: o documento sugere que o professor aborde produções digitais que são mais frequentes nas práticas sociais culturais dos jovens do que nas dos adultos (conheça alguns desses gêneros no Guia da BNCC de Língua Portuguesa).

3) É necessário garantir vozes heterogêneas
Apesar da internet criar um espaço de democracia de consumo e publicação de informações, ela também pode criar um efeito bolha, dado pelo constante contato entre pessoas com ideias parecidas. “A escola precisa olhar para esse efeito bolha e para a possibilidade de dar espaço a outras vozes”, sugere. É interessante apresentar posições heterogêneas para ampliar leituras de mundo. E, por vozes heterogêneas, não se entende apenas posições ou crenças diferentes. Com a internet, os produtores de conteúdo se descentralizaram e há muitas publicações além das mídias tradicionais e consolidadas. Publicações voltadas à cultura periférica ou causas femininas, por exemplo, também são caminhos a serem explorados.

4) O mundo é multiletrado e interativo
As informações são apresentadas em diferentes formatos, mídias e linguagens, como memes, vídeos e playlists comentadas. Além disso, elas são interativas, podem ser recontextualizadas, produzidas pelo próprio autor ou a partir de outros conteúdos já existentes. “A escola não pode ficar somente com os gêneros mais próprios do letramento da letra”, atenta Jacqueline. Apesar desse universo digital ser bastante familiar às novas gerações, com a mediação da escola, os estudantes podem ser melhor orientados em relação ao bom uso, interpretação, função social e desenvolver criticidade para interagir online e para analisar diferentes gêneros que fazem parte da sociedade moderna. 

5) As habilidades pedem contextualização
Há uma lista de habilidades que compõem cada componente curricular na BNCC. Elas indicam aprendizagens necessárias de serem desenvolvidas em cada ano, mas que não devem ser ensinadas por si só. “Não é a habilidade pela habilidade. A habilidade sempre deve estar ligada ao uso significativo, a uma prática de linguagem”, indica a professora da Unicamp. Assim, mais do que compreender e dominar conteúdos, conceitos e processos descritos pelas habilidades, é necessário ter clareza de como estes se relacionam e se aplicam, por exemplo, nos diversos textos usados em diferentes campos de atuação (na vida cotidiana, na imprensa, nos espaços de debate público, e assim por diante). É o que deve acontecer no ensino das práticas de linguagem contemporâneas.

6) Não há gêneros fixados pela Base
Trailer honesto, fanfic, detonado, remix, playlists comentadas. Uma infinidade de gêneros compõem o mundo contemporâneo e eles estão sendo constantemente inventados e reinventados. É difícil acreditar que a escola dará conta de passar por todos eles de forma tão aprofundada quanto acontece com os gêneros textuais clássicos. “O documento até apresenta algumas indicações para algumas séries, mas o que é importante trabalhar é o que está em jogo nos gêneros”, explica Jacqueline. “Não é preciso que todos os professores trabalhem trailer honesto, por exemplo, mas é essencial que eles consigam estabelecer a fusão do papel consumidor-autor e trabalhem outros gêneros com característica semelhante”.






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